São Pedro do Itabapoana,
um urbano simples e singular
”O patrimônio não é apenas a herança de um povo,
ou seja, coisas “mortas no passado” (Sítios arqueológicos, arquitetura
colonial, objetos antigos, etc.), mas são, também, bens culturais, visíveis e
invisíveis.” Canclini (1994, p.95)
INTRODUÇÃO
São Pedro do Itabapoana cidade hoje
pequena, escondida numa região alta e montanhosa, é muito conhecida pelo seu
festival da Viola e por receber inúmeros cantores e compositores famosos para
tal evento. Quem não conhece nem imagina que esta, um dia, já foi uma das mais
importantes cidades do estado do espírito santo, por sua larga produção
cafeeira. Sua “idade de ouro” como município é de 1890 a 1930.
Mesmo com muita importância pela
produção cafeeira, São Pedro do Itabapoana era uma cidade muito isolada do
restante dos distritos, tornando difícil o escoamento de qualquer produto
agrícola produzido ali. Foi então, pouco tempo depois, iniciada a construção de
inúmeras estradas de ferro na região. Trazendo posteriormente, grandes avanços
para a cidade como energia elétrica, dentre outras tecnologias da época.
ANÁLISE
Atualmente, mesmo com todo
progresso, o acesso à cidade é ruim, a sinalização até na cidade de Mimoso é
precária, a região tem relevo inclinado e a estrada tem muitas curvas, se
tornando um pouco perigoso. O acesso à cidade sem um mapa ou ao menos um
conhecimento prévio da região, se torna difícil.
Em um impactante movimento
revolucionário em 1930, o município foi 'invadido' e lhe foram tomados inúmeros
documentos e a comarca foi levada para Mimoso do Sul. Com essa mudança
política, alguns dos moradores São Pedro, ligados ao setor administrativo da
antiga prefeitura aos poucos se transferem para Mimoso, e a cidade vai se
tornando menos povoada.
Hoje em dia, São Pedro é uma
cidadezinha pacata do interior do Espírito Santo, com pessoas simples e humildes,
e suas casas tais quais seus donos. Os moradores conservam suas edificações
como produtos raros. Infelizmente alguns antigos casarões que não foram
conservados vieram a ruínas. Conforme conversado com alguns moradores, não há
auxílio financeiro nenhum do governo para a conservação das edificações, são os
próprios proprietários que mantêm e conservam o patrimônio. Ocorre o processo
de tombamento normalmente, mas não se tomam providências para a preservação do
imóvel. Recentemente foi realizado um projeto para pintura das casas, da
empresa Coral tintas, claro, com o aval do morador. Nem todos aderiram à
pintura de suas casas, mas foi uma mudança bem impactante, já que as moradias
eram todas coloridas.
Maior parte dos imóveis tombados estão
na entrada da cidade, com a conservação do antigo calçamento conhecido como pé
de moleque, e também na região alta da cidade. Pode-se considerar mais 'nova' a
região mais baixa da cidade, construída com alvenaria convencional. Não há uma
diferença exorbitante entre os imóveis antigos e 'novos', o que torna a cidade
mais harmônica, se posso assim dizer. O calçamento da área mais nova é feita
com bloquetes retangulares, sendo pouco menos trepidante e mais uniforme,
diferente da pavimentação do início da cidade.
As ruas são relativamente largas, as
principais possibilitam a passagem de dois carros, outras e alguns casos, são
bem estreitas, sendo possível somente a passagem de um carro. A região é muito
calma e bem ruralizada atualmente, não houve muitos avanços quanto a tipologias
arquitetônicas. Boa parte das casas, como quase toda casa do interior tem um
quintal grande, na frente (em poucos casos) ou atrás.
A cidade é pouco densa, apesar das
casas quase nunca terem afastamento lateral, os fundos quase sempre não
ocupados por edificações. As quadras são bem grandes, largas, e pouquíssimo
ocupadas.
Das edificações, em sua maioria são
casas, pouquíssimos comércios, daquele estilo 'vendinha do seu Zé', que é um
cômodo da casa ou um 'puxadinho'. Os moradores quase sempre sentados na porta
de casa, vendo o tempo passar ou conversando com o vizinho.
Tendo-se em mente que a cidade já
teve grande importância econômica, hoje, ela está esquecida no tempo. Os
moradores sobrevivem com o que ganham da ainda produção cafeeira, só que agora
em pequena escala. Tudo muito singelo e doce, por assim dizer. A característica
marcante do lugar é a beleza da simplicidade. Vive-se de forma bem simples,
fala-se de forma simples, talvez um pouco erroneamente, o que não tira em nada a
beleza do 'papo gostoso' porta a porta, é simplesmente precioso ter conhecido
esse pedacinho um pouco esquecido da nossa cultura.
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