segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Análise da Morfologia Urbana

São Pedro do Itabapoana,
um urbano simples e singular


”O patrimônio não é apenas a herança de um povo, ou seja, coisas “mortas no passado” (Sítios arqueológicos, arquitetura colonial, objetos antigos, etc.), mas são, também, bens culturais, visíveis e invisíveis.” Canclini (1994, p.95)
INTRODUÇÃO

São Pedro do Itabapoana cidade hoje pequena, escondida numa região alta e montanhosa, é muito conhecida pelo seu festival da Viola e por receber inúmeros cantores e compositores famosos para tal evento. Quem não conhece nem imagina que esta, um dia, já foi uma das mais importantes cidades do estado do espírito santo, por sua larga produção cafeeira. Sua “idade de ouro” como município é de 1890 a 1930.

Mesmo com muita importância pela produção cafeeira, São Pedro do Itabapoana era uma cidade muito isolada do restante dos distritos, tornando difícil o escoamento de qualquer produto agrícola produzido ali. Foi então, pouco tempo depois, iniciada a construção de inúmeras estradas de ferro na região. Trazendo posteriormente, grandes avanços para a cidade como energia elétrica, dentre outras tecnologias da época.

ANÁLISE
Atualmente, mesmo com todo progresso, o acesso à cidade é ruim, a sinalização até na cidade de Mimoso é precária, a região tem relevo inclinado e a estrada tem muitas curvas, se tornando um pouco perigoso. O acesso à cidade sem um mapa ou ao menos um conhecimento prévio da região, se torna difícil.

Em um impactante movimento revolucionário em 1930, o município foi 'invadido' e lhe foram tomados inúmeros documentos e a comarca foi levada para Mimoso do Sul. Com essa mudança política, alguns dos moradores São Pedro, ligados ao setor administrativo da antiga prefeitura aos poucos se transferem para Mimoso, e a cidade vai se tornando menos povoada.

Hoje em dia, São Pedro é uma cidadezinha pacata do interior do Espírito Santo, com pessoas simples e humildes, e suas casas tais quais seus donos. Os moradores conservam suas edificações como produtos raros. Infelizmente alguns antigos casarões que não foram conservados vieram a ruínas. Conforme conversado com alguns moradores, não há auxílio financeiro nenhum do governo para a conservação das edificações, são os próprios proprietários que mantêm e conservam o patrimônio. Ocorre o processo de tombamento normalmente, mas não se tomam providências para a preservação do imóvel. Recentemente foi realizado um projeto para pintura das casas, da empresa Coral tintas, claro, com o aval do morador. Nem todos aderiram à pintura de suas casas, mas foi uma mudança bem impactante, já que as moradias eram todas coloridas.


Maior parte dos imóveis tombados estão na entrada da cidade, com a conservação do antigo calçamento conhecido como pé de moleque, e também na região alta da cidade. Pode-se considerar mais 'nova' a região mais baixa da cidade, construída com alvenaria convencional. Não há uma diferença exorbitante entre os imóveis antigos e 'novos', o que torna a cidade mais harmônica, se posso assim dizer. O calçamento da área mais nova é feita com bloquetes retangulares, sendo pouco menos trepidante e mais uniforme, diferente da pavimentação do início da cidade.
As ruas são relativamente largas, as principais possibilitam a passagem de dois carros, outras e alguns casos, são bem estreitas, sendo possível somente a passagem de um carro. A região é muito calma e bem ruralizada atualmente, não houve muitos avanços quanto a tipologias arquitetônicas. Boa parte das casas, como quase toda casa do interior tem um quintal grande, na frente (em poucos casos) ou atrás.

A cidade é pouco densa, apesar das casas quase nunca terem afastamento lateral, os fundos quase sempre não ocupados por edificações. As quadras são bem grandes, largas, e pouquíssimo ocupadas.

Das edificações, em sua maioria são casas, pouquíssimos comércios, daquele estilo 'vendinha do seu Zé', que é um cômodo da casa ou um 'puxadinho'. Os moradores quase sempre sentados na porta de casa, vendo o tempo passar ou conversando com o vizinho.



Tendo-se em mente que a cidade já teve grande importância econômica, hoje, ela está esquecida no tempo. Os moradores sobrevivem com o que ganham da ainda produção cafeeira, só que agora em pequena escala. Tudo muito singelo e doce, por assim dizer. A característica marcante do lugar é a beleza da simplicidade. Vive-se de forma bem simples, fala-se de forma simples, talvez um pouco erroneamente, o que não tira em nada a beleza do 'papo gostoso' porta a porta, é simplesmente precioso ter conhecido esse pedacinho um pouco esquecido da nossa cultura.

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